As lentes de contacto são consideradas atrativas esteticamente bem como dão maior liberdade em determinadas ações diárias como as associadas ao desporto, mas o uso pode acarretar riscos evitáveis.
Walter Rodrigues, coordenador do grupo de superfície ocular, córnea e contactologia da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) explicou, citado em comunicado, que “nem todas as pessoas podem usar lentes de contacto, especialmente quem tem patologias da córnea ou conjuntiva, profissionais cujo trabalho envolve risco de infeções (contraindicações relativas) e pessoas com olho seco”.
Para além do grupo de pessoas de risco e para as quais as lentes de contacto são contra indicadas, os utilizadores de lentes de contacto correm vários riscos dado que “a utilização das lentes de contacto alteram a fisiologia ocular independente do material de que são feitas, do desenho da lente ou o modo de usar”.
O especialista da SPO indicou ainda que “os utilizadores ao longo dos anos podem ficar com olho seco e com todas as complicações que daí derivam. As complicações mais comuns, que estão relacionadas com o uso das lentes de contacto são as lesões traumáticas, alergias e as infeções causadas por fungos, bactérias e parasitas que normalmente podem levar à diminuição ou mesmo perda de visão.”
Em face dos diversos riscos que se colocam aos utilizadores de lentes de contacto, Walter Rodrigues aconselhou que “o tempo de uso das lentes de contacto deve ser o menor possível porque a nossa córnea é um tecido transparente e sem vasos, mas necessita de oxigénio para manter a sua transparência, este é fornecido pelo ar, lágrimas e vasos da conjuntiva, no entanto o uso de lentes de contacto leva a uma diminuição da oxigenação da córnea e por consequência a perda da sua transparência pelo aparecimento de neovasos”.
O manuseamento das lentes de contacto deve seguir algumas regras fundamentais, como “uma correta limpeza das mãos no manuseamento das lentes, o uso de desinfetantes na sua manutenção e estar alerta aos sinais de perigo como olho vermelho, dor, lacrimejo e baixa da visão. ”
Para Walter Rodrigues é importante não esquecer que “a lente de contacto é um corpo estranho que está em contacto com a córnea, um dos tecidos mais nobres do olho, e por isso os seus portadores devem ser avaliados com regularidade pelo seu Oftalmologista, para que sejam aconselhados em todo este processo que é dinâmico”.
De lembrar que “só o Oftalmologista poderá aconselhar a modificações de condutas como, reduzir o tempo de uso, trocar de material ou produto de limpeza, a realização pausas quando se trabalha com as novas tecnologias digitais, o descanso de 15 minutos ao fim de uma hora e meia ou até mesmo cessar o uso das lentes de contacto, quando tal for necessário.”