O tratamento da tuberculose (TB) latente está prestes a transformar-se depois de um conjunto de estudos do Instituto de Investigação do Centro de Saúde da Universidade McGill (RI-MUHC) que revelou que um tratamento mais curto foi mais seguro e eficaz em crianças e adultos em comparação com tratamento padrão atual.
Os resultados do estudo foram, hoje, publicados no New England Journal of Medicine. O estudo que foi liderado por Richard Menzies, investigador do Centro de saúde da Universidade McGill, envolveu 850 crianças e 6.800 adultos com tuberculose latente, uma versão dormente da doença que não causa sintomas, mas que pode levar a doenças graves se o tratamento na falta de tratamento.
Os investigadores compararam os resultados entre os pacientes com tuberculose latente que foram submetidos ao tratamento ao padrão atual de nove meses com isoniazida (INH) e os tratados com rifampicina durante quatro meses.
Mais de 85% das crianças completaram o tratamento com rifampicina sem desenvolver TB ativa, em comparação com 76% das crianças que completaram a isoniazida, em que duas desenvolveram tuberculose ativa. Os resultados foram semelhantes em adultos; a aceitação e o fim da terapia com rifampicina foram muito melhores, com significativamente menos efeitos colaterais graves, particularmente hepatite induzida por fármacos, dado que a INH pode causar toxicidade hepática grave, que pode ser fatal ou exigir um transplante de fígado.
No estudo os investigadores verificaram que para além de ser um tratamento muito mais curto, as taxas de desenvolvimento de TB ativa foram ligeiramente menores com a rifampicina, indicando que esta é pelo menos tão eficaz quanto o tratamento de nove meses com INH na prevenção da TB.
Richard Menzies, respirologista do MUHC e professor de Medicina, Epidemiologia e Bioestatística da Universidade McGill, referiu: “Esta terapia de quatro meses é uma mudança fundamental na prevenção da TB”, e acrescentou: “O tratamento de quatro meses foi igualmente eficaz na prevenção da TB, mais seguro e mais aceitável. Acreditamos que este tratamento de rifampicina de quatro meses deve substituir os nove meses de INH para a maioria das pessoas que precisam de terapia para a tuberculose latente”.
Doentes originários de nove países diferentes: Austrália, Benin, Brasil, Canadá, Gana, Guiné, Indonésia, Arábia Saudita e Coréia do Sul, fizeram parte do estudo apoiado pelos Institutos Canadianos de Investigação em Saúde. Richard Menzies considera que os resultados possam ter um grande impacto na definição de futuras diretrizes globais relacionadas ao tratamento da TB latente.
“Essas descobertas estimularão um novo olhar sobre as práticas globais”, afirmou o investigador, especialista consultor da Agência de Saúde Pública do Canadá, Cidadania e Imigração do Canadá, dos Centros de Controle de Doenças (CDC) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre TB.
O especialista espera “que esta descoberta tenha um impacto substancial sobre a TB, que continua a ser o assassino número um de doenças infeciosas em todo o mundo, causando mais mortes do que a SIDA, malária, doenças diarreicas ou outras doenças tropicais”.