Nova investigação em mulheres grávidas concluiu que praticar yoga ativa o sistema nervoso parassimpático, o sistema responsável pelas funções do corpo quando em repouso, melhora o sono à noite e diminui os níveis de α-amilase, um indicar da redução do stresse.
O estudo dos investigadores Mako Hayase e Mieko Shimada, da Division of Health Sciences, Graduate School of Medicine, Faculty of Medicine, Osaka University, no Japão, e já publicado no ‘Journal of Obstetrics & Gynecology Research’, envolveu 38 mulheres num grupo de yoga e 53 num grupo de controlo.
“O yoga envolve a realização de poses e a repetição de respirações lentas, longas e profundas. O yoga na maternidade encoraja a participante a relaxar e tomar consciência de si mesma e do feto e apoia o início da atividade nervosa parassimpática”, escreveram os investigadores no estudo.
Os investigadores explicam que o Yoga compreende 8 “membros”, dos quais 3 são posturas físicas (asana), métodos de respiração (pranayama) e meditação. Os praticantes de yoga afirmam que a respiração profunda contínua, durante cada pose física, alcança um equilíbrio efetivo entre a mente e o corpo.
Respirações contínuas longas, lentas e profundas melhoram os níveis de oxigénio em todo o corpo, aumentam o fluxo sanguíneo e previnem a hipertensão, pelo que se a pessoa se concentra no próprio corpo alivia a tensão no corpo e o stresse mental.
O estudo indica que vários investigadores têm vindo a enfatizar os efeitos benéficos do yoga, atribuindo-os à modulação do sistema nervoso autónomo (SNA) com base em investigações relativas à variabilidade da frequência cardíaca (VFC), que é amplamente usada como um indicador da regulação da SNA.
Investigação prova efeitos benéficos do Yoga
Um estudo em adultos que trabalham em programação informática relatou que os níveis de amilase salivar (um biomarcador de stresse) diminuíram significativamente nestes adultos imediatamente após estes praticarem yoga. Outros estudos de investigação relataram que adultos hipertensos mostraram estabilização da pressão arterial durante o yoga. Esses estudos realizados em adultos (que não incluíam mulheres grávidas) concluíram que o yoga afeta o SNA pela diminuição da atividade nervosa simpática.
Benefícios do Yoga na gravidez
Os investigadores Mako Hayase e Mieko Shimada indicam que “praticar Yoga durante o terceiro trimestre da gravidez pode proporcionar efeitos relaxantes, porque a atividade nervosa parassimpática torna-se imediatamente dominante, o que pode resultar numa experiência mais confortável durante o trabalho de parto, reduzindo a dor e facilitando um parto suave.”
Praticar ioga na maternidade supostamente aumenta a autoeficácia durante o trabalho de parto, indicam os investigadores, e acrescentam no artigo, que “em estudos sobre os efeitos da yoga em gestações de alto risco, incluindo mulheres com hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, descobriu-se que o fluxo sanguíneo nas artérias uterinas e umbilicais aumenta quando a mulher está praticando yoga, melhorando teoricamente a circulação fetal.”
Os investigadores referem ainda que “em mulheres grávidas com distúrbios hipertensivos da gravidez (HDP), o sistema nervoso simpático é dominante, pelo que com base nessas informações, Mako Hayase e Mieko Shimada afirmam: “Esperamos que o yoga seja um meio eficaz para prevenir complicações obstétricas hipertensivas e promover um parto tranquilo.”
No entanto, indicam os investigadores, os efeitos a longo prazo do yoga sobre a variação diária no SNA durante a gravidez não foram especificamente estudados. “Realizamos este estudo com o objetivo de esclarecer as mudanças na variação diária no SNA durante a gravidez trazidas pelo yoga na maternidade e elucidar como a prática de yoga afeta o stresse e o sono em gestantes.”
Dados registados na investigação
O estudo envolveu um total de 91 mulheres grávidas, 38 mulheres a praticar Yoga, e 53 sem prática de yoga que fizeram parte do grupo de controlo. Os investigadores verificaram que entre as 28 e 31 semanas de gestação, a variabilidade da frequência cardíaca durante os períodos noturno e final da noite foi significativamente maior no grupo que praticava yoga do que no grupo de controlo. Entre as 36 e40 semanas de gestação, a variabilidade entre a manhã, a tarde e a noite foi significativamente maior no grupo que praticava ioga. Os níveis salivares de α‐amilase diminuíram significativamente imediatamente após a prática de yoga durante todos os períodos de avaliação no grupo de yoga. A duração do sono noturno foi também significativamente maior no grupo de yoga.