O arquiteto Luís Carrilho da Graça defendeu hoje no Archi Summit, que o diálogo que tem decorrido entre o município de Lisboa e a população tem tido impacto na transformação da cidade, e referiu ser “muito interessante a aposta deliberada da Câmara Municipal de Lisboa (CML) na valorização do espaço público.”
Para Pedro Dinis, diretor do Departamento de Espaço Público da Câmara Municipal de Lisboa (CML) “faz sentido ouvir quem habita e frequenta os espaços, que é quem sabe o que lá quer ver. Trabalhar o espaço público da cidade é um processo complexo e demorado, mas, de facto, a cidade está diferente”.
Com o projeto “Uma praça em cada bairro”, a CML tem vindo a requalificar vários espaços públicos da cidade de Lisboa, partindo da auscultação de associações locais e juntas de freguesia, através da dinamização de sessões presenciais abertas aos munícipes, e por participação online.
Carrilho da Graça que foi responsável pelo projeto de requalificação do Campo das Cebolas e pela criação do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa indicou que é importante conhecer profundamente o local onde se vai intervir, para não desvirtuar a história e identidade própria do local. Para o arquiteto o maior valor destes projetos “é evidenciar o que já existe, que é fantástico”, e referiu: “O que mais me agrada no edifício do Terminal é a vista da cobertura quer para Alfama, quer para o Mar da Palha.”
O diretor camarário, que também é arquiteto, indicou que “a cidade não vive completamente do espaço público, vive também do espaço criado por privados que têm utilização pública”, como é o caso das praças, terraços e atravessamentos, e referiu: “O fazemos é trabalhar com o privado para perceber como é que espaços semipúblicos podem ser integrados com a rede de espaços públicos”. Carrilho da Graça acrescentou: “As próprias fachadas dos novos edifícios acabam por modificar o espaço público.”
O arquiteto da CML revelou que 90% das intervenções levadas a cabo pela CML são requalificações de espaço já existente, e, dos restantes 10%, correspondentes a construções novas, várias passam pela transformação de “não espaços” em espaço público, como a praça do Fonte Nova, que partiu da “redução do parque de estacionamento, onde havia grande afluência de pessoas.”