Investigadores e técnicos ligados ao setor florestal debateram na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD alguns dos aspetos relacionados com as atuais problemáticas ligadas à floresta. As conclusões apontam para várias preocupações que pretendem ver traduzidas em ação pelo Governo.
O debate levou a que fossem organizados cinco painéis: Planeamento; Ordenamento; Gestão, Prevenção e Combate dos incêndios florestais.
Para os especialistas a “Floresta não é apenas fogo”, lembrando que “o foco tem estado mais centrado na vertente do combate do que na prevenção”, pelo que consideram que é urgente “inverter este cenário”, mas lembram que “a floresta também não é só limpeza de mato”, e que” os problemas bióticos são cada vez mais graves” e “as questões da fitossanidade têm implicações económicas.”
O investimento na floresta é fundamental, no entanto, de ser feito “através de um correto ordenamento florestal”, e seguindo “um correto planeamento operacional”.
Por sua vez os investigadores indicaram que o ordenamento florestal não pode estar dissociado do ordenamento agrícola, e assim do designado ordenamento rural. O ordenamento exige interdisciplinaridade e politicas integradas, em que o todo não é a soma das partes mas as partes interligadas constituem um todo, e lembraram que “as populações desde sempre tiveram a capacidade de utilizar eficazmente os espaços.”
O território apresenta diversas especificidades pelo que os especialistas defenderam que devem ser usadas “políticas de apoio ao setor Florestal com características diferenciadoras para o território”. Nesta mesma linha indicam que é necessário existir “um movimento associativo forte que deve ser apoiado, e não subsidiado”, e lembraram que são necessárias “novas competências e capacitação das autarquias” para que estas possam desempenhar o papel que lhe cabe na gestão do seu ‘território’.
Colocado o acento tónico na necessidade do ordenamento do território, e que tem sido muito referido pelos mais diversos intervenientes, os especialistas indicam que o mesmo deve definir os “usos equilibrados do território”, as áreas afetas à florestal devem assentar “num ordenamento florestal eficiente”, e tudo isto “assente numa gestão que se baseie em conhecimento científico.”
Ao longo do tempo tem havido uma degradação das profissões ligadas à floresta o que tem levado a uma diminuição de formação de Engenheiros Florestais, colocando o país numa situação de falta de capacidade para dar resposta “à crescente necessidade de desafios que se colocam na gestão dos recursos florestais”, dado que “os serviços Florestais têm sido vítimas de esvaziamento contínuo e dramático que conduziu a perda de uma escola e muito conhecimento.”
Há atualmente uma falta de Engenheiros Florestais em Portugal, mas se as Universidades estão prontas para responder ao desafio da formação, o Governo deve começar por criar as condições de emprego e do exercício da profissão, dotando de quadros próprios de pessoal os organismos, como as Direções Regionais e as Autarquias.