Existem dois momentos importantes no ensaio deste Volvo XC60. O momento em que o levantamos do parque de imprensa e o momento em que temos de o devolver.
Face aos rasgados elogios do seu irmão mais velho – XC90 – este veículo, em ensaio, o XC60, é em tudo idêntico ao XC90, só que em menor dimensão. A beleza do seu design, o modo como cada elemento foi esculpido, a fluidez das linhas e o minimalismo dos detalhes, tornam esta nova identidade Volvo uma das mais bem conseguidas da sua história.
E se uma marca quer marcar o seu posicionamento nada melhor do que o fazer deste modo!
Diferenciando-se da concorrência no design e sobretudo colocando elementos diferenciadores e únicos que são o pilar do reconhecimento desta identidade. E um deles são certamente os faróis – o martelo de Thor – encarna a filosofia que a marca quer transmitir, focando-se na mitologia nórdica e no deus Odin (pai de todos), associado com o trovão.
E é deste modo que a identidade Volvo se socorre para criar um produto, desde logo conotado pela beleza frontal dos seus faróis, pela grelha de grandes dimensões e pela forma harmoniosa como a traseira volta a ser esculpida – já é a 2ª vez que uso esta palavra – com os faróis em ‘L’ a serem os elementos preponderantes no desenho posterior. E é fácil percebermos, assim, que a estética convence.
Passemos ao interior!
A Volvo nunca foi de entregar os seus créditos por mãos alheias, e em particular, sabendo que o XC60 foi eleito ‘Melhor Carro do Mundo 2018’, por um painel composto 82 jornalistas de meios especializados, em representação de 24 países, de todos os continentes, que o novo Volvo XC40 venceu o Troféu Car of the Year e que o XC90 fruto de um estudo independente do Thatcham Research Centre refere que nos últimos 16 anos, ninguém no Reino Unido faleceu a bordo, diz bem do know-how que a marca detém e ostenta com orgulho.
Por isso mesmo, o interior minimalista é, todo ele muito bem conseguido – decalcado do XC90 – onde o acréscimo de qualidade, de rigor construtivo, de qualidade de montagem e de atenção aos detalhes se faz sentir, sobretudo face à anterior geração.
Escusado será referir que a segurança é uma bandeira e por isso todos os sistemas passivos e ativos estão presentes, desde a mudança involuntária de faixa, à sinalização de viaturas no ângulo morto, ao radar ativo que controla a distância para a viatura da frente, o que nuns bancos esculpidos – novamente a palavra – de modo tão simples mas tão eficaz, que são seguramente dos mais envolventes e cómodos que já experienciámos. E não é pela qualidade da pele, pela envolvência do nosso corpo ao banco. É que estes bancos ‘rejuvenescem’, tal o nível de conforto ortopédico que possuem. Assim dito, falta referir que o espaço interior cresceu, e muito, face à geração anterior, a ergonomia está presente em cada botão e sua colocação, mesmo o touch-pad de 10” apresenta-nos quase toda a informação necessária que, controlamos pelo volante ou diretamente no ecrã, fazendo-nos recordar o seu interface (e a qualidade do mesmo), o TESLA. Simples, intuitivo, com um nível de usabilidade muito acima da concorrência.
E em condução?
Aqui, a primeira impressão que cai por terra são ‘os saltos altos’ do modelo. Andar ‘lá em cima’ muitas vezes causa algum cuidado pois temos a noção que a viatura adorna muito ou corremos o risco de capotar, pelo seu centro de gravidade elevado. Nada disso! Assim que os bancos nos acolhem e percorremos os primeiros metros percebemos que o “casamento” do chassis com a suspensão, a distribuição de pesos, os pneus, etc, fazem-nos esquecer “a estatura elevada”. E, se o XC60 já surpreendia estaticamente, em modo dinâmico, as qualidades do produto sobressaem. Um comportamento exemplar mas sobretudo um conforto referencial, fruto dos amortecedores pilotados e das molas pneumáticas na traseira. Experimentem passar nas lombas das passadeiras de Lisboa e surpreendam-se quando detetam que “aquilo era uma elevaçãozinha…”
O motor que equipava o XC60 “só” tinha 190cv pois era o D4 e não o D5 com 235cv mas, sejamos sinceros, é cavalaria suficiente para o dia-a-dia, que conjugado com uma não menos excelente caixa de 8 velocidades automática, com patilhas no volante (muito bem desenhadas e que convidam à sua utilização).
Bom, por fim, consumos e preços. Se formos impiedosos com o acelerador as contas ao final do dia na bomba de gasolina são maiores – 12l aos 100km. Se formos comedidos, vamos menos vezes à estação de serviço pois fazemos médias perto dos 8l em cidade ou 6l em estrada. Tudo isto numa viatura que se pode adquirir por valores próximos dos 55.000 euros a 60.000 euros (consoante o equipamento) e que pode atingir os 68.000 euros dum D5 ou mais de 70.000 euros de um T8 a gasolina… com uns 407Cv
Autor: Jorge Farromba