O caminho de qualquer marca que hoje está no mercado passa indubitavelmente pela componente elétrica. Seja com sistemas totalmente elétricos, hibrido ou plug-in
E as soluções que cada marca apresenta não variam muito de modelo para modelo, sendo que coube, em Portugal, à Toyota, durante muito tempo, a aposta nestas soluções menos poluentes… ou alternativas.
E o KIA, tal como o seu primo/irmão Hyundai Ionic socorrem-se das mesmas soluções. E cabe ao consumidor a escolha da marca que mais o cativa. Seja pelo design, seja pelas garantias, seja pelo atendimento, seja por questões de índole mais comercial como a valorização de uma retoma. Hoje, as marcas sabem que têm de marcar presença em todos os segmentos e não descurar “espaços mortos”. E a Kia – tal como a Hyundai – souberam entender isso muito bem com produtos focados no consumidor europeu, apelativos, bem construídos e sobretudo conseguiram algo muito importante. Reduzir o gap para os construtores tradicionalistas e implantados no mercado há muito tempo.
E onde difere o KIA NIRO dos restantes? Se é certo que não muda muito face ao seu irmão com motor de combustão – somente nalguns apontamentos a azul para mostrar a sua veia mais ecológica – a solução final é bastante bem conseguida. As linhas são fluídas, encorpadas e transmitem robustez. Facilmente estas linhas têm um ciclo de vida mais comprido do que linhas que, por irreverência ou jovialidade facilmente acabam por cansar o consumidor. Diria que também aqui a marca KIA procura repetir com êxito o que as marcas premium fazem.
Se exteriormente este modelo mantém a estética frontal próxima dos seus irmãos de gama, diferenciando-se depois no desenho do conjunto, já no interior a marca aposta num interior ao melhor estilo germânico. Soluções comprovadas, “desenhadas” em modo contínuo. O tablier é por isso muito clean e apelativo, com o ecrã central embutido, com botões ergonomicamente bem colocados, um volante com uma pega e diâmetro correto e um painel de instrumentos com boa leitura e rigoroso na disponibilização dos conteúdos.
Em termos de espaço interior nada a assinalar pela negativa. O espaço abunda, os bancos são confortáveis, bem como a qualidade de construção e montagem com vários plásticos moles presentes. Somente na bagageira o espaço face ao seu irmão é menor, fruto da colocação das baterias por baixo do banco traseiro e também do piso da bagageira – igual ao Hyundai Ionic. E porque falamos da colocação das baterias atrás, referir um ponto importante – o comportamento. O Kia revela-se um modelo bastante fácil de conduzir, rigoroso no modo como lê a estrada (e a cidade) mas fundamentalmente competente no comportamento e conforto em todas as situações. Constata-se que houve bastante trabalho no sentido de que o elevado peso das baterias traseiras não descaracterizasse o NIRO.
Proposto atualmente por 36.000 euros (desconto de 3.750 euros), a marca aposta como elemento diferenciador nos 7 anos de garantia ou 150.000 kms, numa marca que os clientes a avaliam em estudos internos de 8.9 em 10 valores, num modelo que tem um único nível de equipamento – Travagem Autónoma de Emergência, Cruise Control Adaptativo, Detetor de Ângulo Morto, Alerta de Tráfego à Retaguarda, Câmara de Auxílio ao Estacionamento, Ar Condicionado Automático /Ventilação Traseira, Carregador Wireless para Smartphone, Sistema de Navegação iAVN 1.0 – 7’ (com 6 anos de atualizações gratuitas), luzes LED, chave inteligente, interior em tecido e pele, caixa automática, sistema de manutenção na faixa de rodagem (e que fruto de uma boa parametrização do sistema e desde que mantenhamos as mãos no volante, consegue fazer manter entre linhas o veículo na estrada) – DRIVE WISE – “a nova iniciativa tecnológica da Kia no contexto dos ADAS (Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor) … objetivo proporcionar o prazer de condução acompanhado da máxima segurança para peões e passageiros, ao assumir as tarefas entediantes e complexas tradicionalmente a cargo do condutor”
Relativamente aos consumos deste 1.6 com 141 cv e com o sistema plugin conseguimos valores de 3,8 litros (isto porque deixámos esgotar as baterias). Certo é que com as baterias carregadas no início efetuámos várias dezenas de quilómetros em modo elétrico, mantendo algum rigor no pé direito, o que permitiu comprovar os valores que a marca menciona de 58kms. E não tivemos cuidado com o uso de equipamentos, como AC, luzes, rádio, o que significa que tais sistemas foram também desenhados para conviver bem com as baterias.
Em resumo, o NIRO é uma aposta familiar e extremamente competente, com um bom comportamento, muito espaço interior. Face ao modelo híbrido (28.270 euros) com menor autonomia elétrica – existe uma diferença de 8.000 euros face aos 36.000 euros do PHEV (com autonomia elétrica superior a 50km). Cabe ao consumidor final compreender qual a melhor solução para o seu perfil. Certo é que seja qual for a opção não fica desiludido.