O uso de tampões menstruais intravaginais pode ser responsável por casos raros de síndrome de choque tóxico menstrual em mulheres em que se desenvolvam, na vagina, estafilococos (staphylococcus) aureus, e a menstruação pode servir como meio de crescimento para os estafilococos aureus.
Investigação publicada, em 20 de abril, na revista “Applied and Environmental Microbiology”, da American Society for Microbiology, indica que Gerard Lina, e equipa de investigadores examinaram a influência, de 15 tampões menstruais intravaginais e copos menstruais, atualmente no mercado, no crescimento de estafilococos aureus e na produção toxina de síndrome de choque tóxico.
Para efeitos do estudo os investigadores usaram uma configuração de laboratório projetada para reproduzir as condições dentro da vagina durante o uso de tampões, e os dos copos menstruais.
Gerard Lina, investigador da Universidade Claude Bernard, Lyon, na França, referiu: “Os nossos resultados não corroboram a hipótese que sugere que os tampões compostos exclusivamente de algodão orgânico possam ser intrinsecamente mais seguros do que os compostos de algodão com fibras ou com viscose (componente usado na fabricação de fibras), ou tampões compostos inteiramente de viscose.”
“As diferenças no suporte do crescimento de estafilococos aureus entre as diferentes marcas de tampões não foram explicadas nem por contaminantes ou moléculas aditivas”, referiu o investigador. “As diferenças podem resultar da natureza da fibra (incluindo compostos aditivos que não podem ser dissociados), da estrutura das fibras e, possivelmente, da densidade da fibra.”
O investigador esclareceu: “Por microscopia confocal, observamos que o espaço entre as fibras que contribui para a ingestão de ar na vagina também representa o principal local de crescimento de estafilococos aureus e produção de toxina de síndrome de choque tóxico”, e por isso avisou que os tampões devem ser trocados com frequência para proteger a mulher de estafilococos aureus.
Os copos menstruais favoreceram um maior crescimento de estafilococos aureus e uma maior produção de toxina de choque tóxico, em comparação com os pensos, indicou Claude Bernard, e explicou que a forma e o volume do copo resultaram em maior aeração, estimulando esse crescimento, acrescentando que o estafilococos aureus forma um biofilme no copo, dificultando a esterilização, e por isso recomendou colocar em água a ferver entre dois usos.
“O uso de tampão continua a ser associado à síndrome do choque tóxico menstrual, e foi descrito um caso de síndrome do choque tóxico menstrual associado a um copo menstrual”, indicou o investigador.
“A síndrome do choque tóxico é uma doença rara, mas grave, caracterizada por febre, (baixa pressão arterial), uma erupção cutânea com subsequente descamação (derramamento da camada mais externa do tecido) e disfunção de múltiplos órgãos”, indica estudo. A incidência anual média é de cerca de 0,7 por milhão, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.