As comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas decorreram em Lisboa, no Terreiro do Paço, e em Paris. Em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da Republica disse: “A sabedoria, hoje como há nove séculos, reside no povo”, e quando essa sabedoria conduziu o povo, “Portugal cresceu”.
Assim, “ao longo dos séculos se foi construindo e consolidando a identidade nacional”, e “nos momentos de crise, quando a Pátria é posta à prova, é sempre o povo quem assume o papel determinante”, acrescentou o Presidente.
Fazendo uma alusão aos diversos momentos da história de Portugal, o Chefe de Estado, disse: “Foi o povo, o povo armado, os soldados de Portugal e o povo não armado que nos deu a possibilidade de aqui estarmos hoje a celebrar Portugal”.
O Presidente lembrou a história, dizendo que foi o sangue dos soldados e do povo “que mais correu desde a conquista do território com Afonso Henriques”, e que “foi o povo, a raia miúda quem valeu ao Mestre de Avis, foi o povo que não se vergou durante sessenta anos até chegar o 1 de dezembro de 1640. Foi o Povo, soldados e não soldados, quem também fez frente às invasões do princípio do século XIX”.
E no período mais recente “foi o povo quem na instauração da República sonhou, lutou e persistiu na busca de um país melhor. Foram os soldados de Portugal que resgataram com o povo, para nós, a honra e deram sentido à palavra Liberdade”.
E referindo-se aos últimos anos, Marcelo lembrou, que “foi o povo quem nos momentos de crise soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro mais digno e mais justo”.
As elites falharam e o povo é o garante do desenvolvimento
Ao contrário do povo, sempre a lutar, “algumas elites, ou melhor, as como tal se julgavam, nos falharam em troca de prebendas vantajosas, de títulos pomposos, de meros ouropéis luzidios, de meras contemplações, deslumbradas, ou simplesmente tiveram medo de ver a realidade e de decidir com visão e sem preconceitos”, disse o Presidente.
Agora, como tem sido no passado, é o povo que “é o garante do nosso desenvolvimento económico, da justiça social, do progresso na educação, na cultura e na ciência, na reconfiguração de Portugal como país de economia europeia de raiz multicultural”.
Mas é o povo que é também o garante da língua portuguesa. Uma língua que é “plataforma entre continentes, plataforma entre culturas e civilizações”.
Referindo-se ao Terreiro do Paço, ou Praça do Comércio, onde este ano foi palco para as comemorações do Dia de Portugal, o Presidente disse: “Este espaço onde nos encontramos concentra em si os factos mais significantes da história de Portugal, mesmo antes do tempo das descobertas, podemos dizer que devemos aos acontecimentos ocorridos neste mesmo espaço o que somos hoje e o que fomos sendo, desde o século XV”.
“Aqui se misturaram gentes, culturas e produtos vindos por terra ou trazidos por naus e caravelas dos lugares mais longínquos que fomos descobrindo”. Um lugar onde também “a nossa independência foi perdida e foi recuperada por mais de uma vez”.
Uma Praça que já não é a dos “palácios que a contornavam”, o “casario e ruelas tudo desapareceu com o terramoto”, mas foi neste espaço que “demos prova que somos capazes novamente a partir do nada; planeamos, reconstruimos, reerguemo-nos. Lisboa renasceu e esta nova Praça tornou-se numa das mais belas da Europa”.
O Presidente referiu que em Lisboa condecorava “militares cujos pundonores e percurso no passado e no presente são exemplo para todos nós”.
Em Paris, França, as condecorações foram para alguns portugueses que “durante os recentes atentados não hesitaram, por um instante, em dar abrigo e salvar quem fugia da destruição e da morte”.
Sobre os portugueses que condecora em França, o Presidente referiu que “ainda que longe nos honram e nos orgulham, fazendo-nos vibrar por pertencermos à Pátria que somos”.