No domingo, dia 4 de março, os italianos vão às urnas para escolher o próximo parlamento, e as últimas previsões sugerem que nenhuma força política vai assegurar votos suficientes para formar governo, os principais contendores incluem partidos que apoiaram posições antieuropeias, anti-imigração e populistas.
Para Mabel Berezin, professora de sociologia da Universidade de Cornell e especialista em história e desenvolvimento do populismo e do fascismo na Europa, indicou que “as próximas eleições podem aproximar a Itália das piores tendências da política europeia contemporânea.”
Mabel Berezin que é autora do livro ” “Illiberal Politics in Neoliberal Times: Cultures, Security, and Populism in a New Europe” referiu: “Não importa qual o resultado, pois seja qual for o resultado das eleições não será bom. Nenhuma das três forças políticas atualmente na liderança irá ter votos suficientes para formar um governo, o que deve levar à formação de uma coligação.”
A especialista indicou: “Berlusconi, que parece ser o candidato mais provável para uma coligação, não foge de se associar com a extrema-direita. Se for bem-sucedido, não só será uma recuperação política extraordinária, mas chegará ao poder com a mesma coligação que reuniu para seu primeiro governo em 1994.”
Mas Mabel Berezin lembrou que “2018 não é 1994. A coligação original de Berlusconi, além de permitir que a ‘Liga’ se tornasse numa força permanente na política italiana não teve muito impacto além da Itália. As eleições do próximo domingo vão colocar a Itália em linha com as piores tendências da política europeia contemporânea.”
“Como membro fundador da Comunidade Europeia, a Itália sempre esteve na Europa, mas não completamente da Europa”, ou seja, “nunca foi tão nacionalista como os compatriotas europeus”, mas “as fortes identidades regionais da Itália mantiveram alguns dos piores excessos de xenofobia que afligiram outros países europeus”.
Para Mabel Berezin “os italianos observaram a indiferença virtual quando os migrantes da África do Norte e do Sul começaram a chegar na década de 1990. A crise do euro e a austeridade que a acompanhou, seguida da crise dos refugiados, produziram convergências em toda a Europa, como nunca tinha no passado.”
Com a dissolução da esquerda e o surgimento de um intenso nacionalismo, a Itália está a tornar-se europeia, e não é um bom caminho”, concluiu a especialista.