A agência ‘Global {M}’, onde trabalham os especialistas Nick Waller e Alex Hemsley, é uma startup sediada fora do Silicon Roundabout, de Londres, que tem desde 2012 vindo a ajudar as startups britânicas de tecnologia a criar equipas de programação, recrutando técnicos de talento em todo o mundo.
O cenário de uma startup de tecnologia é internacional pela sua própria natureza. Nestes tempos de rápida inovação, há uma procura maior que a oferta de técnicos com competências especializadas. Aqui o talento deve ter precedência sobre a nacionalidade ou a conveniência geográfica quando se procuram estes técnicos.
A força de trabalho de programação é altamente móvel, sempre pronta para passar para um novo projeto ou para aproveitar uma nova oportunidade que surja em qualquer parte do mundo que seja aliciante, referem os especialistas da ‘Global {M}’.
Muitas destas oportunidades têm acontecido no Reino Unido e muitos programadores estrangeiros foram os construtores de base das startups britânicas de tecnologia de sucesso, há vários anos.
Os defensores da Brexit insistem que os salários irão subir e o desemprego cairá se a Grã-Bretanha sair da União Europeia, mas, na realidade, os trabalhadores altamente qualificados estrangeiros não estão a ter as oportunidades de emprego às custas do talento local.
Em vez disso, estes trabalhadores estrangeiros estão a apoiar e a permitir que as empresas sediadas no Reino Unido possam florescer. De outra forma, as empresas serão incapazes de os preencher estes lugares ou empregos, .
As empresas de tecnologia estão já a lidar com a escassez de talentos no Reino Unido, pelo que para poderem competir num mercado global e produzir startups de alto valor, é necessário aceder aos mercados, no exterior, para recrutar trabalhadores altamente qualificados.
Os técnicos de recrutamento compreendem como a indústria de tecnologia local depende do talento estrangeiro, ou seja 51% dos candidatos que foram colocados em startups no Reino Unido durante o ano passado vieram do estrangeiro.
Eles reconhecem que qualquer restrição ao fluxo de talentos para o país irá impedir o crescimento de pequenas startups e, por consequência, da economia.
“Eu acredito que qualquer restrição à circulação de trabalhadores europeus altamente qualificados só vai ter um impacto negativo sobre a infraestrutura de tecnologia de Londres”, referiu Alex Hemsley.
Uma recente investigação da Silicon Valley Bank referiu que 72% dos executivos de startups indicou que a saída da União Europeia teria um efeito negativo para os seus negócios, enquanto 95% afirmaram que ser já um problema encontrar as pessoas certas para as suas equipas. Se o Reino Unido votar ‘Sim’ no ‘Brexit’, prevê-se a perda de mais de 800.000 postos de trabalho.
Nick Waller regista o corte do apoio da União Europeia à indústria de tecnologia se o ‘Brexit’ vier a acontecer, e referiu que “a Comissão Europeia tem sido muito favorável ao setor de tecnologia e seria um problema para as startups britânicas perder os sistemas de financiamento, tais como os 2,8 mil milhões euros de financiamento de apoio às empresas, o programa de orientação ‘SME Instrumento’, e programa de inovação ‘Horizonte 2020’, que promete quase 80 mil milhões de euros de financiamento disponível para startups, ao longo dos próximos anos”.
Há uma luta muito competitiva no recrutamento de talentos
“Todos os dias se vê o enorme valor, para os nossos clientes, em empregar pessoas que se movem livremente através das fronteiras dos países na União Europeia. Há uma luta muito competitiva no recrutamento de talentos”, referiu o especialista em recrutamento da ‘Global {M}’.
Tem vindo a ser dito que, através de regras de ‘visto’ preferenciais, o Reino Unido poderá adaptar a política de imigração para atrair trabalhadores qualificados para as áreas necessárias, tais como a tecnologia, mas a equipa da ‘Global {M}’, pela experiência que possui na realocação de técnicos, considera que o ‘Brexit’ fará do Reino Unido um lugar menos atraente.
As facilidades de migração influenciam fortemente a escolha do país onde alguém vai viver e trabalhar e é inevitável que os ‘vistos’ venham de ‘mãos dadas’ com a burocracia, envolvendo impostos e processos burocráticos lentos.
Com a indústria de tecnologia a mover-se num elevado nível de competição por pessoal especializado, as startups emergentes não têm tempo para a burocracia dos ‘vistos’.
Tal como está, três quartos dos cidadãos da União Europeia que trabalham no Reino Unido não irá a atender às exigências atuais do ‘visto’ para trabalhadores estrangeiros não comunitários, se a Grã-Bretanha sair da União.
Para suportar o ‘Brexit’ a resposta está no desenvolvimento de fortes programas educacionais de tecnologia. Mas vai literalmente levar anos para colher os benefícios da criação de uma força de trabalho qualificada e as startups não têm tempo para esperar.
Na altura de contratar novos trabalhadores, as startups terão de enfrentar o desafio de competir contra grandes empresas de tecnologia europeias.
Com programas de incubação, subsídios e regimes de financiamento sem fim, o Reino Unido tem alimentado uma cultura de startups fortes e que provou ser um hub de inovação significativo, na cena internacional. Na verdade, Londres foi avaliada com primeira cidade da Europa a apoiar startups no Índice de Cidade Digital Europeia, em 2015.
Os trabalhadores estrangeiros acrescentam muito ao Reino Unido, economicamente e intelectualmente. Permitir que as empresas recrutem livremente é fundamental para a criação de uma economia próspera e sustentável, que pode continuar a produzir Unicorns como Transferwise e Skyscanner, concluem os especialistas da ‘Global {M}’.