Medicamentos para parar de fumar não têm sucesso sozinhos

Estudo de investigação mostrou que os medicamentos de cessação tabágica não têm sucesso sozinhos. Os investigadores indicam que a prescrição dos medicamentos deve ser acompanhada de programa de aconselhamento.

Medicamentos para parar de fumar não têm sucesso sozinhos
Medicamentos para parar de fumar não têm sucesso sozinhos. Foto: UC San Diego Health

Têm vindo a ser frequentemente prescritos medicamentos para ajudar as pessoas a parar de fumar. No entanto, um novo estudo realizado por investigadores da Escola de Medicina de San Diego, Universidade da Califórnia, concluiu que, apesar dos resultados promissores dos ensaios clínicos, os medicamentos para a cessação tabágica, sozinhos, não estão a melhorar as hipóteses dos fumadores deixarem de fumar.

John P. Pierce, do Departamento de Medicina Familiar e Saúde Pública da Escola de Medicina de San Diego School e do Moores Cancer Center, referiu que “34% das pessoas que estão a tentar parar de fumar usam produtos farmacêuticos mas, no entanto, a maior partes das pessoas não tem sucesso”.

“Os ensaios clínicos com os medicamentos de intervenção mostraram a possibilidade de duplicar as taxas de cessação, o que não se traduziu no mundo real”, esclareceu o especialista.

O estudo, publicado na revista do National Cancer Institute, em 21 de dezembro, avaliou a eficácia de três medicamentos de primeira linha, recomendados pelas diretrizes de prática clínica: vareniclina, bupropiona e terapia de reposição de nicotina (patch). Os dados foram recolhidos do inquérito à população, ‘Suplemento de uso do tabaco’, um levantamento do Census dos EUA de adultos maiores de 18 anos para obter informações sobre o uso dos produtos de tabaco no país.

Os investigadores estudaram duas coortes, aproximadamente uma década, a equipa usou um método conhecido como “matching” para ajudar a equilibrar a comparação entre grupos, em fatores que poderiam levar os indivíduos a ter maior probabilidade de usar um auxiliar de cessação, mas simultaneamente tornando mais difícil o abandono. Por exemplo, um fator era a quantidade de cigarros que um fumador regularmente consumia.

Eric Leas, da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, referiu que não foi encontrada “nenhuma evidência que as ajudas farmacêuticas de cessação avaliadas melhorassem as possibilidades de sucesso”, e acrescentou “isto foi surpreendente, dada a promessa, de parar de fumar, observada em ensaios clínicos, e foi dececionante devido à necessidade de intervenções para ajudar os fumadores a abandonarem” o tabaco.

Estas descobertas levaram os investigadores a apontar para o uso de aconselhamento comportamental intensivo em combinação com auxiliares farmacêuticos como o fator que pode ter contribuído para o aumento das taxas de cessação tabágica durante os ensaios clínicos.

Investigações anteriores, que estudaram o efeito do aconselhamento comportamental gratuito, oferecido por telefone, mostraram melhoria nas taxas de cessação tabágica, quando combinadas com intervenções farmacêuticas.

“Os fumadores que estão empenhados em abandonar o tabaco e querem usar um medicamento de ajuda devem inscrever-se num programa que os possa ajudar a monitorar o progresso e a apoiá-los na tentativa”, indicou o investigador.

Para John P. Pierce o estudo coloca em evidência o papel importante do aconselhamento comportamental quando são prescritos medicamentos, e referiu: “Se os medicamentos forem prescritos com aconselhamento, podemos ter melhores taxas de sucesso. Por enquanto, nos EUA, menos de 2% dos fumadores que utilizam um produto farmacêutico está a usar aconselhamento comportamental.”