Investigadores do projeto ‘Grande Desafio de Condução Cooperativa’ estão a utilizar um Volvo FH16, nos seus trabalhos de autocondução. O projeto é financiado pela União Europeia e coloca em concorrência colaborativa diversas universidades no domínio da investigação em veículos autónomos.
Ola Benderius, Investigador no Laboratório de Chalmers, e líder da equipa do projeto, explicou, citado em comunicado da UTC, que a forma tradicional e dominante de desenvolver veículos é introduz progressivamente melhorias a partir de modelos de veículos anteriores, isto é, gradualmente ir adicionando novas funções.
Um método que Ola Benderius considera que não funciona quando se desenvolvem os novos veículos autónomos do futuro.
“Tradicionalmente, a metodologia usada tem sido separar e diferenciar todos os problemas que se conseguem conceber e enfrentá-los usando funções dedicadas, o que significa que o sistema deve abranger um grande número de cenários”, referiu Ola Benderius.
Com este método “podem ser cobertos grande número de diferentes casos, mas mais cedo ou mais tarde, o inesperado ocorre, e é aí que um acidente pode acontecer”.
A equipa de investigadores da Universidade de Tecnologia de Chalmers, decidiu não utilizar os métodos tradicionais para o desenvolvimento de um sistema de autocondução, mas considerou um novo conceito para o veículo. O conceito de organismo biológico, em vez de um sistema técnico.
“Os sistemas biológicos são os melhores sistemas autónomos que conhecemos”, disse Ola Benderius, e continuou, “um sistema biológico absorve informações do seu ambiente através dos seus sentidos e reage diretamente e com segurança”.
O investigador referiu como exemplos: “um antílope a correr dentro da manada de antílopes, ou um falcão a atacar sobre uma presa no solo”, e acrescentou que “antes dos seres humanos caminharem sobre a Terra, a natureza já tinha uma solução”.
A equipa de investigação de Chalmers está a trabalhar no sentido de uma revolução nos transportes, da mesma forma que aconteceu quando o cavalo foi substituído pelo carro de motor, no início do século XX.
Os investigadores desenvolveram um modelo em que “todas as informações que o camião compila, a partir de sensores e câmaras, são convertidas para um formato que se assemelha à maneira como os seres humanos e outros animais interpretam o mundo através dos sentidos”. Assim, a conceção básica do camião é a de se adaptar a situações inesperadas, ou seja, que antes não tenham ocorrido.
Como explicou Ola Benderius, em vez um programa com todas as funções para resolver cada uma das situações inventariadas, os investigadores estão a trabalhar pequenos blocos comportamentais para que o camião reaja a vários estímulos, como faz um animal.
“O camião é programado para manter constantemente todos os estímulos dentro de níveis razoáveis, e vai continuamente a ‘aprender’ para o fazer de forma tão eficiente quanto possível”, esclareceu o investigador. Desta forma o veículo é flexível a administrar novos e súbitos perigos. Os investigadores do Laboratório de Chalmers estão a tentar criar um sistema que, como afirmou Ola Benderius, “se adapte a tudo o que acontece, sem apontar a situações específicas”.
O software, que designam por ‘OpenDLV’, está a ser desenvolvido em ‘código-fonte aberto’, e está disponível gratuitamente na internet. Desta forma, esperam os investigadores suecos, que outros investigadores de todo o mundo possam participar no projeto executando e desenvolvimento software para os seus próprios veículos.
Com o ‘OpenDLV’ os investigadores pretendem criar uma plataforma acadêmica que seja usada por muitas outras diferentes disciplinas científicas, tais como engenharia de veículos, sistemas adaptativos, ciência e engenharia da computação, perceção neurologia e biologia.
A plataforma será, referem os cientistas, um meio onde todos podem trocar conhecimentos sobre como os veículos autónomos devem ser construídos para serem introduzidos de forma segura e em grande escala na sociedade.