O Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês) atribuiu a Manuela E. Gomes, investigadora, doutorada em Ciência e Engenharia de Materiais – Engenharia de Tecidos / Materiais Híbridos, e atual vice-diretora do Grupo 3B’s – Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos, da Universidade do Minho, uma bolsa de dois milhões de euros.
A bolsa de consolidação de carreira vai permitir, durante cinco anos, o desenvolvimento do projeto ‘MagTendon: Tecnologias de engenharia de tecidos associadas a metodologias de estimulação magnética para a regeneração de tendões’. A investigação decorre no centro 3B’s, dirigido pelo cientista Rui L. Reis. Um centro de investigação que já conta com cinco bolsas do ERC.
O projeto de investigação permitirá a Manuela E. Gomes consolidar “uma linha de investigação inovadora centrada na combinação de biomateriais e células estaminais, através de abordagens da engenharia de tecidos para a conceção de substitutos biológicos de tendões e ligamentos.”
A investigadora prevê, com o projeto desenvolver “até 2022 novos biomateriais com propriedades magnéticas que possam ser usados em tecnologias de ponta, nomeadamente a bioimpressão 3D, permitindo um controlo muito específico das estruturas tridimensionais a desenvolver e imitando a arquitetura única do tendão e ligamento e da interface tendão-osso.”
A investigação, de acordo com a UMinho, assenta numa abordagem inovadora que “permitirá controlar o comportamento de células estaminais incorporadas nos biomateriais magnéticos (biotintas magnéticas) quando cultivados em laboratório (in vitro) e possibilitar o seu controlo remoto, após implantação, através da aplicação de campos magnéticos de intensidade controlada.”
Com a técnica proposta, Manuela E. Gomes indicou que “será possível, desta forma, dirigir o processo de reparação do tecido para que este regenere e recupere a biofuncionalidade original, além de permitir que sejam criadas terapias personalizadas. Atualmente, o tratamento de lesões/doenças dos tendões é ainda limitado, obtendo-se resultados clínicos pouco satisfatórios.”
A investigadora vai agora “criar diversas plataformas, incluindo modelos únicos de tendão para aprofundar o conhecimento da biologia básica do tecido, e substitutos vivos de tendão”. O objetivo é conduzir “ao estabelecimento de uma nova geração de terapias avançadas com elevado potencial de aplicação clínica no futuro”. Para Manuela E. Gomes “o potencial de aplicações é quase ilimitado e as vantagens para a qualidade de vida dos pacientes é indiscutível.”
“Esta distinção representa o reconhecimento da investigação desenvolvida no Grupo 3B’s e do potencial de inovação das ideias que se pretende desenvolver no futuro próximo e que acreditamos que irão contribuir significativamente para o tratamento de lesões e doenças que afetam milhares de pessoas” afirmou a investigadora, e acrescentou: “A atribuição da Consolidator Grant é simultaneamente motivo de uma enorme satisfação pessoal e uma fonte de motivação muito importante para continuarmos a fazer investigação de excelência em Portugal. Por vezes, vale a pena dedicar 20 anos da nossa vida a algo em que realmente acreditamos.”
As bolsas do ERC são atribuídas com base numa candidatura individual assente num projeto científico abrangendo as mais diversas áreas científicas. A atribuição das bolsas individuais é feita com base numa avaliação do curriculum e na qualidade do projeto a executar, bem como no grau de risco e na abordagem inovadora, nas fronteiras da ciência.
A investigação da UMinho conseguiu, até agora, seis bolsas do ERC, uma de iniciação de carreira, três de consolidação de carreira e duas avançadas. Destas seis bolsas, cinco foram atribuídas a cientistas que investigam no centro 3B’s. Um centro é dos mais competitivos no acesso a bolsas do ERC e um dos líderes mundiais na sua área de investigação.