O consumo de tabaco apresenta uma subida de prevalência ao longo da vida, de acordo com o IV Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas da População Geral 2016/2017, publicado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências.
O relatório indica que a subida de prevalência do consumo “se deve sobretudo ao aumento do consumo entre as mulheres”. Para Alfredo Martins, coordenador do Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), devem ser criadas “mensagens dirigidas especificamente ao sexo feminino”, e mesmo que as mensagens possam não ser determinantes, são contudo importantes, “para aumentar a sua eficácia”.
Alfredo Martins concorda que não é por falta de informação sobre os riscos do tabaco que muitos portugueses continuam a fumar, dado que, no caso pessoal, enquanto médico, refere o assunto em todas as primeiras consultas e nas subsequentes no caso de fumadores ativos e passivos.
O especialista da SPMI, considera que, tendo em conta a sua experiência, “os portugueses estão hoje mais informados sobre os riscos do tabaco para a sua saúde e para a saúde dos outros”, no entanto, “esse conhecimento não é contudo suficiente para que tenham uma consciência plena e duradoura desse risco, sobretudo nos que continuam a fumar”.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2014, indicam que em Portugal 30% dos homens e 15% das mulheres continuam a fumar, e para deixar de fumar, a vontade é “o fator mais importante para o sucesso da decisão de cessar o tabagismo”, mas sozinha não chega.
No entender de Alfredo Martins, “está demonstrado que o aconselhamento dos médicos e de outros membros da equipa de saúde melhoram as taxas de sucesso da cessação tabágica”, por isso, “é necessário que a equipa de saúde ajude na definição do plano de cessação em cada caso, dê conselhos práticos e informe e recomende o uso dos fármacos recomendados, ajustados às necessidades específicas de cada caso”.
Para o especialista o internista desempenha um papel importante na passagem de informação, não só nas consultas, mas também “na organização dos serviços” e “na participação ativa em ações de formação e informação sobre consequências do tabagismo e sobretudo sobre o que fazer para deixar de fumar”.
A OMS indica que a pandemia do tabagismo foi responsável por 100 milhões de mortes no século XX e, se não for travada, poderá vir a matar outros mil milhões neste século. Atualmente fumar é a primeira causa evitável de doença, incapacidade e morte prematura nos países desenvolvidos.
Em Portugal uma em cada cinco mortes observadas em pessoas, de ambos os sexos, entre os 45 e os 64 anos, são atribuíveis ao consumo de tabaco, de acordo com dados da Direção-Geral da Saúde.
Segundo o Inquérito Nacional de Saúde de 2014, existem em Portugal cerca de 1,78 milhões de fumadores com 15 ou mais anos de idade. Quanto aos ex-fumadores, são 21,7% dos residentes com a mesma idade.
De acordo com o Inquérito 27,8% dos homens é fumador e 31,8% ex-fumadores, no caso das mulheres 13,2% são fumadoras e 12,9% são ex-fumadoras.