Portugal, em 2015, tinha 2,1 milhões de pessoas, quase 20% da população, com 65 ou mais anos de idade. A proporção de idosos na população tem vindo a crescer e a tendência vai manter-se. Os dados são do relatório de estratégia nacional de política sobre o envelhecimento, do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
Em 2030 mais de um quarto da população será idosa
Em 2030 o número de idosos deverá representar cerca de 26% da população e, em 2060, deverá subir para 29%. Por sua vez a população com idade igual ou superior a 80 anos deverá duplicar entre 2015 e 2060, estimando-se que passe dos 614 mil para 1.421 mil indivíduos.
O número de idosos já ultrapassou em muito o número de jovens em Portugal, atingindo, em 2015, os 140 idosos por cada 100 jovens. E o índice de dependência, que permite aferir a relação entre o número de idosos e o número de pessoas em idade ativa, tem vindo a aumentar nas últimas décadas, em 2015 era de 31 idosos por cada 100 pessoas em idade ativa.
Esperança média de vida é superior de 84 anos
Para o envelhecimento da população em Portugal, como em outros países, tem contribuído o aumento da longevidade e o declínio da fecundidade. Em 2015, a esperança média de vida aos 65 anos ultrapassava os 19 anos, ou seja, perto de 21 anos, no caso das mulheres, e 17 anos para os homens.
O relatório indica que em 2015, os indivíduos com idades iguais e superiores a 55 anos representavam 19,5% do total da população ativa, sendo a faixa etária dos 55 a 64 anos de 14,8%.
A população inativa teve um crescimento de 6,5% entre os indivíduos com idade igual e superior a 55 anos que, em 2015, representava 47,8% do total da população inativa e em que 36,5% tinha 65 e mais anos.
Os países da região da United Nations Economic Commission for Europe (UNECE), que reuniram em Lisboa para debater o envelhecimento, enfrentam um já acentuado envelhecimento populacional, com um total 194,9 milhões de pessoas com 65 anos ou mais de idade, o que representa 15,4% da população total.
Na abertura da Conferência Ministerial da UNECE sobre envelhecimento que se realizou em Lisboa, nos dias 21 e 22 de setembro, o Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, referiu que “o aumento da esperança de vida tem implicações importantes e de longo alcance para todos os domínios da sociedade a nível social, territorial, económico e cultural.”
O aumento de tempo de vida e consequente envelhecimento da população coloca uma série de desafios aos Estados que “exigem políticas inclusivas e sustentáveis para as pessoas de todas as idades, que possam garantir vidas saudáveis e promover o bem-estar, alcançando a igualdade de género, promovendo a adaptação dos mercados de trabalho, dos sistemas de proteção social e dos serviços de saúde e de cuidados, garantindo também a sua sustentabilidade futura.”
Vieira da Silva acrescentou ainda que “o aumento da esperança de vida deve ser perspetivado como uma verdadeira conquista da humanidade, um importante sinal de progresso e de enriquecimento civilizacional”.
Temos uma vida útil mais longa
Para a UNECE o envelhecimento da população traz vários desafios, mas também muitas oportunidades, dado o potencial de vida, pelo que o ajuste do mercado de trabalho ao envelhecimento é considerada uma das principais respostas ao envelhecimento da população.
Nos países da região da UNECE verificam-se algumas tendências como facilitar o aumento da idade para a reforma, transições flexíveis para a reforma, ações que visam a discriminação baseada em idade e atitudes negativas em relação a trabalhadores mais velhos.
Têm vindo a surgir oportunidades de aprendizagem e formação ao longo da vida, e ações de promoção da reintrodução no emprego e apoio direcionado aos trabalhadores mais velhos e aos candidatos a emprego.
Para a UNECE estas ações contribuíram para o aumento da participação no mercado de trabalho remunerado dos trabalhadores mais velhos, com 47,8% nos homens e 34,2% nas mulheres entre 60 e 64 anos.
Em Portugal, devido aos efeitos da crise dos últimos anos, a taxa de emprego entre os indivíduos com idade igual ou superior aos 55 anos manteve a tendência de descida passando de 27,6%, em 2011 para 26,3% em 2015, embora se tenha observado uma tendência inversa para o grupo de população entre os 55 e os 64 anos de idade, em que a taxa de emprego passou de 47,8%, em 2011 para 49,9% em 2015.
Esta evolução espelha duas tendências inversas: por um lado, o aumento da população empregada entre os 55 e os 64 anos, que aumentou 8,1% entre 2011 e 2015, e a redução da população empregada com 65 e mais anos que foi de menos 16,5%.