O mês de agosto vai trazer dias com temperaturas muitos elevadas, de acordo com previsões vinculadas pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera. O calor que se tem vindo a verificar e as previsões de aumento levam o Núcleo de Estudos de Geriatria (GERMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), a recordar que os idosos são considerados um grupo de risco, e por isso é de reforçar alguns conselhos que possam auxiliar a ultrapassar os picos de calor.
João Gorjão Clara, coordenador do GERMI, esclarece que o organismo dos idosos “não tem a mesma capacidade de termorregulação. Ou seja, não é capaz de dar a mesma resposta quando submetido a temperaturas mais elevadas”, e assim coloca-se em risco, dado que para além de não haver termorregulação, há dificuldade em perceber as alterações associadas ao calor.
A hidratação e as condições ambientais
O especialista considera que devem há cuidados simples a ter, e que podem fazer a diferença, como o referente à hidratação. “Beber água é essencial, algo que é válido mesmo quando não se sente sede”. O conselho é: Beba “bebidas naturais, água e sumos”.
Quando o calor aumenta os problemas associados ao calor, podem ser prevenidos: evitar a exposição direta ao sol; ir para locais mais frescos ou com ar condicionado e evitar a exposição direta ao sol.
Nos dias quentes a escolha da roupa a usar deve recair sobre: roupas de algodão; roupas mais leves e de cor mais clara; usar proteção da cabeça, através do uso de um chapéu; e proteger os olhos, com recurso a óculos de sol.
Quando sair de casa a preocupação é também o uso de protetor solar, espalhado pelas partes do corpo que não se encontram protegidas pela roupa, especialmente na cara, em redor do nariz e das orelhas, onde a pele é mais sensível.
A alimentação deve também adaptar-se aos dias mais quentes, consumindo refeições mais leves, evitando os pratos mais pesados e preferindo comer em menos quantidades e mais vezes ao dia.
Os produtos a consumir devem envolver “verduras, alimentos frescos, como carne, ovos e peixe são boas opções”, Para João Gorjão Clara “devem ser evitados os alimentos não conservados no frio, não frescos, não preparados na altura e as bebidas alcoólicas”.
Na cozinha deve ser evitado o uso do forno, que contribuiu para o aquecimento da casa. Nos períodos em que as temperaturas estiverem mais elevadas, um duche de água tépida ajuda a controlar o calor.
Doenças crónicas aumentam o risco com a temperatura
Os idosos já são, devido à idade, um grupo mais vulnerável às temperaturas extremas, mais os riscos aumentam quando sofrem de doenças crónicas, como a diabetes ou a arritmia.
A diabetes, de acordo com o Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes, tem uma taxa de prevalência de 23,8% na população entre os 65 e 74 anos, e a arritmia afeta um em cada dez portugueses com mais de 65 anos, de acordo com o Estudo SAFIRA.
O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, de 2013, refere que 65% da população entre os 65 e os 74 anos em alguma doença crónica ou problema de saúde prolongado.
Os idosos para além de serem mais vulneráveis ao calor tomam medicamentos capazes de reduzir a sensação de calor ou provocar retenção de água ou sal. O coordenador do GERMI lembra que “com o tempo seco e quente, as doenças crónicas podem exacerbar-se ou ficar fora de controlo”, pelo que é necessário reforçar a necessidade de cuidados.
Mas há ainda outros conselhos como usar menos roupa na cama, sobretudo quando se trata de pessoas acamadas, ter alguém disponível e atento, seja um familiar, vizinho ou amigo e procurar cuidados médicos imediatos no caso de surgirem sintomas associados ao calor.
As insolações e o esgotamento por calor
Os sintomas da insolação ou golpe de calor incluem febre alta, pele vermelha e sem suor, pulso rápido, dores de cabeça, tonturas, confusão e perda de consciência. Uma situação destas é grave e pode causar morte, neste caso se o idoso se sentir mal com o calor, deverá procurar um lugar fresco e pedir ajuda médica através do 112.
O esgotamento devido ao calor surge quando há uma perda excessiva de água através da transpiração. Esta situação provoca sensação de sede, cansaço, cãibras, náuseas, vómitos, dores de cabeça e desmaio, frequentemente provocado por tensão arterial baixa.
Quer no caso de insolação, quer no de esgotamento, mesmo quando se pede ajuda médica, deve colocar-se a pessoa num local ventilado e fresco, refrescá-la com panos húmidos ou salpicos de água fria, elevar as pernas e, em caso de desmaio, tentar despertá-la.